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Conrado Navarro - Consultor financeiro e administrador do Dinheirama |
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1. A que se deve seu sucesso financeiro aos 30 anos? |
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É
comum as pessoas acharem que meu sucesso financeiro, aos 30 anos, veio
da noite para o dia e eu sempre brinco que esse "da noite para o dia"
levou pelo menos 13 anos. Aos 17, tentei iniciar um negócio que não deu
certo. Aos 19, tentei novamente e fracassei. Aos 20, de novo. Desde essa
época, procuro investir e poupar, bem como manter a chama empreendedora
acesa. Depois de tantos fracassos e muita persistência, finalmente me
tornei um empresário de sucesso em diferentes ramos, com diferentes
sócios. Ao dar o correto valor ao dinheiro neste processo, investi e
multipliquei meu patrimônio sempre mantendo um padrão de vida simples e
sustentável, dando mais valor ao meu tempo e à minha família, do que às
posses ou bens. Deu certo, e hoje procuro repassar essa mensagem. |
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2. Quando despertou em você o interesse por finanças? E por qual motivo? |
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Eu
tive três experiências frustrantes, enquanto empreendedor, sendo
obrigado a abrir mão dos negócios e fechar empresas por erros de gestão e
administração. Isso gerou reflexos na vida pessoal, que só foram
solucionados e ultrapassados com o apoio da educação financeira, do
orçamento familiar e da importante decisão de investir e planejar o
futuro. Entendi, depois de algum tempo, que educação financeira não
significa ter ou usar a melhor planilha, mas uma questão de cidadania. |
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3. A que se devem os prêmios conquistados por você? Como é ser considerado um guru financeiro? |
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Os
prêmios são um reconhecimento da comunidade, dos leitores, de
especialistas e do trabalho que realizo com tanta paixão: disseminar a
educação financeira. Fico feliz com o retorno tão positivo, mas confesso
que não trabalho pensando nisso. Ser um líder reconhecido na área é uma
consequência de fazer o que gosto e da dedicação ao trabalho, não um
objetivo pessoal. |
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4. Por que a educação financeira é para você o ponto de partida para um país mais justo? |
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Porque
as pessoas precisam entender que aceitar pagar tão caro em determinados
produtos e também conviver juros tão elevados é uma decisão muito
perigosa para a própria vida e para o futuro de seus entes queridos. A
educação financeira ajuda a entender a dinâmica do sistema financeiro
atual e, com isso, oferece saídas para lidar com um padrão de vida
sustentável e com a construção de um futuro melhor. Valorizar o dinheiro
é também saber respeitá-lo, e isso significa que precisamos exercer
nossa cidadania de forma plena em negociações e compras. Quando defendo
um país mais justo, quero dizer que vislumbro um país também mais
honesto, sem corrupção, com impostos e juros em níveis civilizados. O
desafio é enorme, mas eu acredito nisso. Aprendo muito mais com os
leitores do que eles imaginam, e serei sempre grato por essa
oportunidade. Cada prêmio só existe e faz sentido porque fui capaz de
mexer/mudar com o rumo de uma vida, e isso em si é o maior retorno que
eu posso obter. Sou muito feliz por ter a oportunidade de exercer esse
papel e procuro honrá-lo com trabalho sério, dedicação e carinho. |
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5. Defina saúde e doença financeira. |
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Saúde
financeira é estar de bem com o próprio dinheiro, ser capaz de tomar
decisões financeiras com bom senso e inteligência, sem prejudicar o
orçamento e a própria família. Doença financeira é o momento em que o
dinheiro passa a ser sinônimo de preocupação, ansiedade e problema. Se o
dinheiro gera angústia e culpa, é porque ele está deixando a pessoa
doente. |
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6. O que é e qual a importância do conceito zero-dez-dez para as pessoas? |
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O
conceito zero-dez-dez descrito em meu livro Dinheiro é um Santo Remédio
(Editora Gente) é bem simples e objetivo: zero endividamento, dez meses
de receitas em uma aplicação a ser usada como reserva de emergências e
dez por cento da renda poupada e investida todo mês. É o método seguido
pelas pessoas bem-sucedidas financeiramente e que desejam ter paz na sua
relação com o dinheiro. Agir assim é importante porque garante que o
padrão de vida não será desfeito caso haja emergências e que o futuro
está resguardado porque está sendo construído hoje. E dívidas, vamos
concordar, tiram o sono de todo mundo, certo? Melhor não tê-las. |
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7. Em sua opinião, é possível educar as crianças também financeiramente? Qual é o melhor caminho e por quê? |
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Eu
sempre respondo a essa pergunta de uma forma direta e polêmica: se você
quer que seus filhos sejam financeiramente educados e responsáveis, ame
sua família de verdade e faça exatamente o que você quer que eles
façam. Ou seja, dê o exemplo agindo de forma responsável, controlada,
inteligente e planejada. Cresci ouvindo minha avó dizer que "as palavras
ensinam, mas só o exemplo arrasta". Lembre-se: educação financeira é
cidadania, e cidadania é fazer o que é certo porque é certo. Simples
assim. |
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8. Como a família deve tratar o assunto em casa? |
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Com
naturalidade. Falar sobre dinheiro precisa ser uma atividade comum,
natural, sem qualquer conotação mística ou segundas intenções. O melhor
jeito de fazer isso é combinar uma data todo mês para discutir o
orçamento familiar e enumerar regras, responsabilidades e deveres de
cada um em relação ao cuidado com o patrimônio de todos. É preciso
definir também objetivos claros, sempre associados com prioridades ainda
mais cristalinas. E a partir daí, detalhar passos a serem cumpridos
para suas conquistas. Quando o dinheiro ajuda a realizar um sonho, seu
valor é resgatado e isso torna as coisas mais fáceis no dia a dia
familiar. |
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9. Por que muitas pessoas tratam o assunto finanças como um tabu? |
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Somos
seres bastante instintivos e primitivos quanto ao processo de tomada de
decisões. Nossas escolhas são basicamente feitas com base na emoção,
portanto gastar dinheiro acaba sendo mais gostoso que guardar dinheiro.
Assim, toda conversa que envolve a necessidade de enfrentar essa lógica
enfrentará resistências. Além disso, há o aspecto econômico do país, que
tem no Plano Real sua única tentativa bem-sucedida de moeda estável e
que permite planejamento financeiro de qualquer tipo. Para que a cultura
do planejamento se instale, ainda demorará um bocado. |
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10. Quais as saídas para quem já está endividado? Tem conselhos, dicas e sugestões? Quais? |
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A
primeira coisa a ser feita é admitir que o responsável por tantos
problemas é você mesmo. Pode parecer estranho, mas toda ajuda só faz
sentido quando a ajuda é pedida por quem realmente precisa. Reconhecer o
problema é o aspecto que tira as pessoas da inércia. Os próximos passos
devem ser objetivos, claros, como levantar as dívidas contraídas, seu
montante total, juros e credores. E então a renegociação e adequação do
orçamento são as saídas possíveis. |
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